Foi morar de favor na casa de um primo e arrumou emprego como ajudante num bar. Economizou muito, mandou buscar a família e conseguiu depois de um ano de trabalho e privações abrir uma pequena venda em sociedade com um amigo. O negócio foi crescendo: primeiro uma mercearia, depois um supermercado, a seguir outro e mais outro. Agora 35 anos depois de chegar ao Brasil, o Sr. Lourenço é dono de uma grande rede de supermercados, tendo-se tornado um dos mais influentes membros da Associação Comercial. Seus filhos estudaram até o curso superior e um deles é professor na Universidade de São Paulo.
Esse caso mostra que os indivíduos,
numa sociedade capitalista, estratificada em classes sociais, podem não ocupar
um mesmo status durante toda a vida. É possível que alguns deles, integrem a
camada de baixa renda (C), passem a integrar a de renda média (B). Por outro
lado, alguns indivíduos da camada de alta renda alta (A), por algum infeliz
acontecimento, podem ver sua renda diminuída, passando a integrar as camadas B
ou C. Esse fenômeno é chamado de mobilidade social.
Mobilidade Social, portanto, é a
mudança de posição social de uma pessoa num determinado sistema de
estratificação social.
Quando as mudanças de posição social
ocorrem no sentido de subir ou descer na hierarquia social, estamos diante de
mobilidade social vertical. Esta pode ser:
• Ascendente, quando a pessoa melhora sua posição no sistema de
estratificação social passando a integrar um grupo de situação superior a de
seu grupo anterior.
• Descendente, quando a pessoa piora de posição no sistema de
estratificação social, passando a integrar um grupo de situação inferior.
O filho de um operário que, através
do estudo, passa a fazer parte da classe média, é um exemplo de mobilidade
social vertical ascendente. A falência e o consequente empobrecimento de um
comerciante, por outro lado, é um exemplo de mobilidade social vertical
descendente.
Vejamos agora o caso de alguém que
muda de uma cidade do interior para a capital, permanecendo na mesma classe
social. Esse exemplo mostra uma pessoa que experimentou alguma mudança de
posição social, mas que, apesar disso, permaneceu na mesma classe social.
Quando a mudança de uma posição
social a outra se opera dentro da mesma camada social, diz-se que houve uma
mobilidade social horizontal.
Outro exemplo de mobilidade social
horizontal pode ser o de um operário que muda de religião, ou que se casa com
uma moça de mesmo nível social, ou, ainda que muda de partido político.
O fenômeno da mobilidade social varia
de sociedade para sociedade. Em algumas sociedades ela ocorre mais facilmente;
em outras, é praticamente inexistente no sentido vertical ascendente
socialmente em São Paulo de que numa cidade do Nordeste. A mobilidade social
vertical ascendente também é mais frequente na sociedade americana do que na
Índia, onde praticamente não existe. Esse tipo de mobilidade é mais intenso
numa sociedade aberta, democrática – como nos Estados Unidos -, do que numa sociedade
aristocrática por tradição, como a Inglaterra.
Entretanto, é bom esclarecer que, numa sociedade
capitalista mais aberta dividida em classes sociais, embora a mobilidade social
vertical ascendente possa ocorrer mais facilmente do que em sociedades
fechadas, ela não se dá maneira igual para todos os indivíduos. A ascensão
social depende muito da origem da classe de cada indivíduo. Alguém que nasce e
vive numa camada social elevada tem mais oportunidades e condições de se sair
melhor do que aqueles que são originários das camadas inferiores. Isso pode ser facilmente verificado no caso dos jovens que pretendem
fazer o curso superior. Aqueles que, desde o início de sua vida escolar, frequentaram
boas escolas e, além disso, estudaram em cursinhos preparatórios de boa
qualidade, têm mais possibilidades de aprovação nos vestibulares das
universidades públicas e privadas do que os jovens provenientes das classes
de baixa renda.
Classes
Sociais
Consideramos as seguintes situações: um rico fazendeiro, proprietário de uma grande extensão de terras, onde cria gado e planta café, empregando em sua propriedade dezenas de trabalhadores, ou ainda, o proprietário de uma grande indústria na qual trabalham centenas de operários qualificados e não qualificados.
Esses exemplos são uma amostra da sociedade em que vivemos – a sociedade capitalista -, onde alguns são proprietários dos meios de produção e a maioria tem apenas sua força de trabalho. Assim, podemos dividir a sociedade capitalista em dois grandes grupos. Segundo a situação em relação aos elementos da produção:
- Proprietários,
isto é, os proprietários dos meios de produção (terras, indústrias, etc.);
- Não
proprietários, isto é, os que são donos apenas de sua força de trabalho.
- a burguesia
(proprietária dos meios de produção)
- o proletário (proprietária apenas de sua força de trabalho)
As pessoas recebem
benefícios diferentes, conforme pertença a uma ou outra classe social. Por que
isso acontece?
Essa desigualdade se explica porque são diferentes as relações que as pessoas mantêm com os elementos de produção (trabalho e meios de produção). De modo geral, os proprietários dos meios de produção (máquinas, terras, etc.) estão entre as pessoas de renda alta, enquanto aquelas que trabalham se situam no grupo de renda média (trabalho qualificado), ou no grupo de renda baixa (trabalho não qualificado). Da mesma forma, o prestígio social está associado às relações entre as pessoas e os elementos da produção: Os proprietários dos meios de produção sempre gozam de maior prestígio social do que os trabalhadores. Também a distribuição do poder está baseada na posição dos indivíduos em relação aos elementos da produção.
Essa desigualdade se explica porque são diferentes as relações que as pessoas mantêm com os elementos de produção (trabalho e meios de produção). De modo geral, os proprietários dos meios de produção (máquinas, terras, etc.) estão entre as pessoas de renda alta, enquanto aquelas que trabalham se situam no grupo de renda média (trabalho qualificado), ou no grupo de renda baixa (trabalho não qualificado). Da mesma forma, o prestígio social está associado às relações entre as pessoas e os elementos da produção: Os proprietários dos meios de produção sempre gozam de maior prestígio social do que os trabalhadores. Também a distribuição do poder está baseada na posição dos indivíduos em relação aos elementos da produção.
A propriedade dos meios de
produção possibilita, portanto, um maior nível de consumo, mais prestígio
social e mais poder. Já os indivíduos que possuem apenas o seu trabalho não
desfrutam das mesmas condições dos proprietários e são obrigados a trabalhar
para eles, recebendo em troca uma remuneração, o salário.
É possível então chegar ao seguinte conceito de classe social: todo grupo de pessoas que apresenta uma mesma situação com relação aos elementos da produção constitui uma classe social.
É possível então chegar ao seguinte conceito de classe social: todo grupo de pessoas que apresenta uma mesma situação com relação aos elementos da produção constitui uma classe social.
Sem perder de vista a
estratificação básica em duas classes sociais, e como consequência dela,
podemos classificar a sociedade quanto ao nível de consumo de seus membros.
Assim, os proprietários dos meios de produção podem adquirir bens e serviços de
luxo; os que exercem um trabalho qualificado podem adquirir bens e serviços de
preço intermediário; e aqueles que exercem um trabalho não qualificado só podem
adquirir bens e serviços de primeira necessidade.
Daí concluímos que é
possível representar a população de uma sociedade capitalista numa pirâmide
social, conforme seu nível de consumo, que é um reflexo do seu nível de renda:
Na base da pirâmide social localiza-se o proletariado, a classe dos
trabalhadores, aquela que vive exclusivamente do seu trabalho. Acima do
proletariado encontramos a classe média, também chamada de pequena burguesia,
ou seja, aquela que vive do pequeno capital, como os pequenos industriais,
pequenos comerciantes, pequenos fazendeiros, além dos profissionais liberais
(advogados, médicos, engenheiros, etc.). No topo da pirâmide social está a
grande burguesia, a classe alta: é a proprietária do grande capital,
incluindo-se nela os grandes industriais, os banqueiros, os grandes
comerciantes e os grandes proprietários de terra.
Concluímos então que não é
possível compreender o aspecto social da sociedade capitalista (estratificação
em classes sociais), sem levar em consideração seu aspecto econômico (a propriedade
dos meios de produção). Segundo o nível de renda, no Brasil de hoje podemos
distinguir três classes: classe alta, classe média e classe baixa. A partir
delas, é possível estabelecer várias subdivisões: classe média alta, classe
média baixa, classe baixa superior e classe baixa inferior.
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